sábado, 8 de agosto de 2009

NX Zero

Existem duas maneiras de se encarar e apresentar uma banda: pelos fatos ou pela impressão que esta causa. No caso dos paulistas NX Zero, que têm idades entre 20 e 22 anos, ambos importam. Vamos primeiro aos fatos, contra os quais não há discussão.
O conjunto existe há sete anos, tempo suficiente para lançarem dois discos, sendo que este, homônimo, é o primeiro por uma gravadora grande, Arsenal, e já com as quatro mãos de dois midas do gênero na mesa de som, Rick Bonadio e Rodrigo Castanho.
O clipe da música que abre o disco, “Além de Mim”, obteve alta rotação na MTV e chegou ao topo do programa “Disk”. No embalo, o quinteto já rodou do Sul ao Centro-Oeste do país, tocando com bandas como Dead Fish, cpm22 e Cachorro Grande. No ano passado, levaram de uma tacada os prêmios de melhor banda e música (“Além de Mim”) em votação popular no site Zona Punk, à frente de big shots com carreira já sedimentada nas rodas de pogo.
Feita a apresentação formal, vamos à música, que é o que importa.
NX Zero é uma banda que trafega com a cabeça erguida no subterrâneo do rock, em mistura suculenta do poder de ataque do hardcore sovada em vocal e camadas instrumentais de melodia. As letras trafegam menos pela emoção (ou falta de) e mais por viagens interiores. Introspecção que ganha dramaticidade em camadas de guitarras e sustentação vigorosa da cozinha bateria e baixo.
A já citada “Além de Mim”, primeira do disco, é exemplo redondo – uma guitarra enfurecida prenuncia um quebra-quebra generalizado, suavizado pela melodia vocal e um morde-assopra conduzido por Dani Weksler na bateria. “Conseqüência” mantém a levada, com um dueto encaixado no ângulo no refrão.
“Razões e Emoções” é o cartão de visitas introspectivo do NX Zero, com densidade que dá a impressão de que o ar que envolve a música pode ser cortado com uma faca.
Com “Um Pouco Mais”, no embalo da letra do Hateen Rodrigo Koala, a banda fica mais emotiva, mas não perde o rebolado nem “com um nó na garganta”. O apelo emocional segue em “Ilusão”, música que prestigia tanto a cadência quanto o peso.
O NX Zero pega pista livre e acelera em “Apenas um Olhar”, mantém a velocidade lá em cima em “Pela Última Vez” e em “La Prision” e encara uma descida em ponto morto em “Incompleta”.
“E se Tudo Der Errado?”, questiona o vocalista Di Ferrero em “Círculos”, música sob medida para o baixista Caco Grandino colocar o pé no retorno e tomar a rédea.
“Tarde Demais” é uma bela balada que abre a porta e estende o tapete para a bate-cabeça e bilíngüe “Uma Chance”.
“Mentiras e Fracassos” soa heavy metal no riff inicial dos guitarristas Gee Rocha e Fi Ricardo até Dani espancar seu kit e reconduzir o som para o trilho HC.
E “Um Outro Caminho” é o desfecho que condensa todos os elementos acima – melodia vocal, peso, quebradas, boas letras, guitarra potente, baixo preciso.
Você pode até duvidar de tudo o que foi dito a partir do sexto parágrafo deste texto, quando passamos da objetividade dos fatos para a subjetividade de como a música nos toca. Por isso proponho um desafio: que coloque o CD para rodar e tire as próprias conclusões. No final, pode até não concordar comigo, mas não há como ignorar a trupe de fãs que endossa as conquistas do NX Zero dos primeiros cinco parágrafos.

Em 2007, com o single “Razões e emoções”, a banda estorou de vez, ganhando o prêmio de revelação no Prêmio Multishow de Música Brasileira. Também estão concorrendo em algumas categorias do Video Music Brasil, da MTV e ao Grammy Latino por Melhor Álbum de Rock Brasileiro, ao lado de bandas como Mutantes e Capital Inicial.

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